Biografia de João Guilherme Sabino Ometto

 O homem que uniu a terra e a indústria.

Descendente de imigrantes italianos, com forte tradição na agricultura e que se dedicaram no Brasil principalmente ao cultivo de cana-de-açúcar, João Guilherme Sabino Ometto, filho de João Ometto e da professora Maria do Carmo Sabino, “Dona Belinha”, nasceu em 15 de março de 1940, na cidade de Limeira, no interior paulista. Sempre demonstrou forte apego  pelo trabalho, que marcou a história de sua família, elevada capacidade de dialogar e unir  pessoas e especial talento para a gestão. Sua trajetória como dirigente empresarial e líder  de entidades de classe é marcada, também, pela solidariedade e espírito humanitário, que  se destacam nas suas ações sociais.

De 1946 até 1949, Ometto cursou o grupo escolar, que equivalia à primeira etapa do atual Ensino Fundamental, em Iracemápolis, então distrito de Limeira. Continuou seus estudos em São Carlos,  onde fez um período no Colégio Diocesano, completando o Colegial (hoje Ensino Médio) no Instituto  Estadual de Educação Álvaro Guião. Nos últimos anos dessa fase, estudou à noite, porque desejava  fazer o cursinho pré-vestibular durante o dia. A estratégia foi bem-sucedida, pois conseguiu ingressar, em 1959, na Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo, campus de São Carlos, uma das mais disputadas do Brasil.

Sua opção pela engenharia foi tomada porque acreditava que era uma área acadêmica muito relacionada à produção de açúcar. À época, o processo de fabricação era mais mecânico do que químico. A partir do início da fabricação do álcool é que a biologia e a bioquímica passaram a estar mais presentes. Por isso, ele também estudou essas matérias.

Na faculdade, foi diretor do Neftur, sigla com as iniciais da frase latina Naturam expellas furca, tamen usque recurret. Era o jornal do Centro Acadêmico “Armando de Salles Oliveira”, um importante meio de comunicação entre os estudantes. Ele publicava análises críticas da conjuntura política nacional e do universo do campus. Também ingressou no Centro Acadêmico.

João Guilherme Sabino Ometto formou-se engenheiro em 1963. Em seguida, foi trabalhar na Usina da Barra, em Barra Bonita (SP), à época a mais avançada do grupo empresarial da família. Aprendeu muito com seu primo Orlando Ometto. Foi um momento em que se iniciava o processo de irrigação no cultivo da cana-de-açúcar para abastecimento das usinas. Para conhecer as técnicas, ele visitou o México e a Califórnia.

Na Usina da Barra, Ometto acompanhou a parte industrial e, em seguida, começou a se aprofundar na área agrícola. As propriedades tinham cana-de-açúcar e gado, além de café. Logo em seguida, surgiu o Proálcool, o que levou à concentração do foco na cultura da cana. Naquela época, ao longo dos anos 60 e 70, ele passou a se dedicar à parte executiva. Em função do Proálcool, era necessário montar usinas e desenvolver tecnologia. Por isso, ele foi um desenvolvimentista.

Capacidade e talento para a gestão reergueram a Usina de Santa Bárbara.

Em 1968, a família comprou a Usina de Santa Bárbara, à época com baixa produção. Ometto conseguiu reerguê-la. Em meio ao trabalho, teve forte atuação na comunidade do município, convivendo com os rotarianos e colaborando com a APAE, da qual acabou sendo presidente. Continuou em Santa Bárbara (SP), mas assumiu, por solicitação da família, a função de diretor Técnico de todo o grupo, que abrangia a Usina da Barra, a Usina Costa Pinto e um projeto experimental na região do Jaíba, às margens do rio São Francisco, em Minas Gerais.

Sua capacidade como gestor era reconhecida por todos, incluindo outras empresas. Foi assim que, ainda em Santa Bárbara (SP), os dirigentes da Romi, maior indústria da região, o convidaram para integrar o Conselho Fiscal. Foi, portanto, um período de muito trabalho.

Ometto também se tornou presidente da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (STAB) e participou de vários congressos internacionais. Foi membro atuante do board da Industrial Society of Sugar Cane Technology (ISSCT). Na oportunidade, participou da organização de um grande congresso em Jacarta, na Indonésia. Também conheceu a indústria sucroalcooleira da Austrália e da África do Sul. Presidiu, ainda, a Associação dos Técnicos Açucareiros da América Latina e do Caribe.

A partir de 1988, quando foi promulgada a nova Constituição, marco da redemocratização do País, ocorreram mudanças profundas no contexto da abertura política e econômica. Foi extinto o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), organismo que monitorava e fiscalizava a produção e o mercado sucroalcooleiro. Sem a tutela estatal, o setor precisou assumir novas responsabilidades e atitudes.

Foram necessários muito trabalho e empenho, em um grande movimento de profissionalização. No Nordeste, muitas empresas quebraram, porque os subsídios que a região recebia foram cortados. Naquela época, Ometto era presidente da Copersucar, a grande Cooperativa do Açúcar e do Álcool. Juntamente com os dirigentes, decidiu que era necessário fazer um terminal do setor no Porto de Santos, no qual se abriam espaços para depósitos privados e a mecanização. Até então, só se exportava açúcar pelo Nordeste. Demorava-se 12 dias, às vezes até um mês, para se carregar um navio, saco por saco.

Obra importante foi a modernização do terminal de açúcar do Porto de Santos.

Os armazéns do porto de Santos (SP) foram feitos no Século XIX, pelo grupo liderado por Cândido Gaffrée e Eduardo Guinle. Era tudo de madeira, pinho de riga que vinha nos navios de café. Foi preciso derrubar tudo e estaquear, para a construção de dois armazéns mecanizados. Ometto visitou o Porto de Roterdã, na Holanda, para ver como funcionavam os mais modernos processos. O novo terminal foi uma de suas principais realizações como presidente da Copersucar. Além da agilidade, tornou-se possível exportar o açúcar a granel, atendendo à preferência dos importadores de receberem o produto cru para refinar no país comprador.

Quando estava na Copersucar, Ometto participou da fundação da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag). Nos anos 1990, apoiou a Uniemp (União Universidade-Empresa), da qual também foi presidente. À época, houve muito investimento em pesquisa e inovação. Depois, foi para a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar). Esta entidade sempre primou pela transparência, mostrando os dados, explicando e esclarecendo as questões setoriais. Ometto teve participação ativa nas reuniões com os empresários do Nordeste, de Minas Gerais e de todas as regiões produtoras. Para acertar no preço da cana era difícil. Então, foi necessário muito diálogo, incluindo mutirões com os sindicatos dos trabalhadores, fornecedores e indústrias.

Toda essa capacidade de Ometto de promover o entendimento e o diálogo foi muito importante, a partir de 2004, quando ele foi eleito para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), no cargo de vice-presidente. Ele promoveu forte e ampla sinergia entre a agricultura e a indústria, organizando o Comitê do Agronegócio. O processo de interação cresceu, nascendo o Departamento do Agronegócio e o Conselho Superior do Agronegócio. Este se tornou um dos grandes centros de discussão e análise do setor no País.

O menino de Limeira e Iracemápolis e engenheiro de São Carlos foi o homem que uniu a terra e o chão de fábrica.

 Ainda na Fiesp, Ometto organizou um grupo de trabalho para integração com a Universidade de São Paulo (USP). Para ele, é muito importante a academia e a iniciativa privada atuarem em sintonia. Por isso, incentivou muito a parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), para estudos econômicos. O apoio à pesquisa sempre marcou seu perfil.

O caráter permanentemente inovador, as decisões colegiadas e a modernidade da gestão, traços marcantes de Ometto, levaram à decisão de abrir o capital de seu grupo empresarial, no qual instituiu um contemporâneo processo de governança corporativa. Trata-se de modelo eficaz para uma organização privada que detém, dentre outras unidades de negócio, a Usina São Martinho, maior do mundo em moagem, superando oito milhões de toneladas de cana por ano.

 João Guilherme Sabino Ometto é um homem alegre, amigo de todos, com alta capacidade de articulação e aproximação das pessoas. Gestos calmos, humilde, generoso e sempre disposto a ouvir e aprender. Por isso, tão eficiente em todas as missões com as quais se comprometeu, nas empresas e no universo do associativismo. O desenvolvimento e a modernização do setor sucroalcooleiro do Brasil têm forte relação de causa efeito com a dedicação, talento e capacidade de trabalho do filho de Seu João e Dona Belinha e neto de imigrantes que aprenderam a ganhar e cultivar a vida no ventre da terra. 

  •  Cronologia acadêmica e profissional
    •  João Guilherme Sabino Ometto graduou-se em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (1963).
    •  Iniciou sua carreira profissional como sócio da Tropisuco - Indústria de Suco de Laranja, tendo atuado como presidente da APAE de Santa Bárbara D’Oeste.
    •  Fundou a Brastoft - Indústria de Máquinas Agrícolas, conjuntamente com a Case Corporation, no momento em que ocupava o cargo de membro do Conselho Fiscal das Indústrias Romi. Além disso,  presidiu a STAB — Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil, no período de 1981 a 1987, e a Associación Civil de Técnicos Azucareros de América Latina y del Caribe, de 1983 a 1986.
    •  Foi Membro do Board of Trustees — International Society of Sugar Cane Technologists, entre 1983 e 1989. Também atuou como presidente da Copersucar, de 1991 a 1997, cooperativa na qual, de 1997 a 2001, integrou o Conselho de Administração. Presidiu, ainda, a UNICA, de 1998 a 2000.

Como dirigente empresarial, João Guilherme Sabino Ometto ocupa, de maneira intercalada, os cargos de presidente e vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho. Exerce a presidência da Mogi Agrícola, Imobiliária Paramirim, Duas Matas Agrícola e João Ometto Participações e a vice-presidência da Agropecuária Caieira do Norte, SM Participações, Agro Pecuária Vale do Corumbataí e Monte Sereno Agrícola.

 É vice-presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e atua como coordenador do Sindicato da Indústria de Açúcar do Estado de São Paulo (SIAESP). É, ainda, coordenador do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de São Paulo (SIFAESP), bem como Conselheiro Consultivo da Associação Comercial de São Paulo, do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) e da Associação de Comércio Exterior do Brasil.

 Publicou o livro “Reflexões sobre o amanhã” (2011) e é articulista frequente em grandes jornais e revistas do Brasil.